sexta-feira, junho 26, 2009

Sonar post 2





Fotos:
Dorian Concept
Omar Souleyman
Little Boots

Os concertos do segundo dia, aquele que coincide com a primeira noite, subiram no geral bastante a qualidade em relação ao dia anterior. De destacar uns muito versáteis três Mc’s and No dj (os Young Fathers), umas das revelações da BBC 1 Radio, cujos temas variavam entre o electro, o jungle e o hip hop, sempre acompanhado pela voz e coreografia género televisiva destes três jovens. Um outro espectáculo (entendido aqui como adjectivo e substantivo) foi o live de Dorian Concept, um muito bem disposto Austríaco, que lançou este ano o seu primeiro disco “When Planets Explode” e que a contagiou a todos os que se encontravam pelo Sonar Dome com o seu Synth-Electro-Melodicó-Idm. Foi fortemente aplaudido e saudado quando partiu. Depois dele houve tempo para Bomb Squad com um Dj set dublizado. O dub voltou com Bass Cleaf em versão live, quem misturava electrónica com sopros, theramin e pequenos instrumentos infantis. Nos entretantos La Roux contentou os espíritos mais nostálgicos dos 80, enquanto que no palco SonarHall se podiam assistir a momentos de electrónica mais abstracta e dura, sempre sincronizada com o vídeo, pelas mãos de Quayola e do Japonês Ryoichi Kurokawa. Uma das grandes perdas deste dia terá sido a de de Goldie Locks, a qual estava marcada para as 20.00 e até as 20.15 ainda não tinha aparecido no Sonar Dôme. Não pensem que terá sido impaciência, mas sim o facto de que às 20.30 se iniciarem contemporaneamente Micachu and The Shapes no Sonar Hall, e num outro palco Omar Souleyman. E fundamentalmente porque no Sonar, começa tudo ao minuto segundo o programa. A escolha foi difícil e comecei por visitar os Micachu que surpreenderam bastante, pela positiva. Estes que são um dos recentes fenómenos da cena musical inglesa, conseguiram muito melhor através deste espectáculo confirmar o porque da sua recente mediatização nos jornais ingleses e também portugueses. Muito mais que banda de disco, são uma banda de palco, e ai é o lugar onde os devemos escutar. Com muita pena, ainda antes de findar a banda revelação de brutal energia em palco, tive de abandonar os Micachu para me encontrar com Omar Souleyman que mais que saber estar em palco, consegue manipular massas através da sua imagem enigmática e hipnótica. Este cria no publico um estranho conflito cerebral, ao escutarmos uma electrónica e nos deparar-mos fisicamente com um tipo que parece acabado de saír da sede do Hamas. A misteriosidade de Omar, acentua-se mais pelo facto de não ser ele directamente a comunicar com o público, mas por o fazer sempre com recurso a um tradutor.
Sonar. Noite 1.
Ao cair da noite dá-se uma emigração até a uma zona industrial e comercial onde se encontra o espaço que acolhe os palcos do Sonar pela noite: A Fira de Barcelona. A noite praticamente começa com um longo atraso (o único em todo o festival a começar fora da hora marcada) da parte de Grace Jones, mas esta acabou por compensar a espera com o seu multi-chapelar evento. A Jamaicana era um dos momentos mais aguardados do festival, mas o que se aguardava era imprevisto. Ninguém tinha ideia do que esperar de uma das divas da música electro-pop dos 70 e 80, e também uma das últimas musas de Andy Wharol, e que não subia aos palcos há já muitos anos. Dai um pouco o ar desconfiado dos presentes em relação ao que iria ali acontecer, havendo por parte do publico uma mistura de sentimentos em relação a direcção artística do festival: ninguém sabia se o fizerem por homenagem, por acto de loucura ou por um vanguardismo incompreensível. Mas o que conta afinal é que o concerto de Jones foi muito bom, surpreendendo todos com um espectáculo arrebatador e uma produção gigantesca. A musica percorreu praticamente o seu ultimo disco de electro-dub-hipnoticó-ambiental, sendo que no final a diva brindou os presentes no certame com alguns dos seus mais conhecidos temas como “Slave to The Rhytum (bela frase... mesmo à imprensa local). Depois houve tempo para escutar um pouco do eletro-popzinho da Inglesa Little Boots, sendo que a seguir se correu para o dj set de James Murphy e Pat Mahoney, que encheram de dança o pavilhão gigante durante aproximadamente uma hora e meia. Depois voltando ao palco de dimensões medianas onde já tínhamos assistido ao também mediano concerto de Little Boots, deu-se um dos milagres da noite: Late of the pier. O quarteto inglês, violentou a audiência com um rock electronizado muito festivo, obrigando todo o publico a movimentar-se em sincronia com a musica. Foram sem dúvida das melhores actuações do dia (noite) e de todo o festival. Pouco depois deles subiram ao mesmo palco pela segunda vez consecutiva no Sonar, os Buraka Som Sistema que quer cá dentro quer la fora, são exímios na arte de por os duros cús do mais variado público a abanar. Seguiram-se os Italianos Crookers com uma rave também ela Kuduro, e foi praticamente com eles e o seu kuduro psicadelico que o Sonar acabou (para mim) esta primeira noite.

Pedro Oliveira

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