Já tivemos o imenso privilégio de o ter por Coimbra e é, sem dúvida, um dos maiores nomes da etiqueta a cargo de Ellen Allien, a Bpitch Control. Sascha Funke está finalmente de regresso, depois do aclamado Bravo (2003), álbum debutante deste berlinense de gema, que há coisa de um ano trocou a sua cidade de sempre pela soalheira Aix-en-Provence, no sul de França. Ao que parece a mudança fez-lhe tão bem.
Mango é um disco mais voltado para a pista em comparação com o Bravo de há cinco anos, uma evolução porventura motivada pela carreira de DJ que tem valido a Sascha a passagem por alguns dos melhores clubs do planeta. Ainda assim, Mango está longe de ser um disco apenas de pista.
Como fiel apreciador de nomes como Stars, Junior Boys ou Charlotte Gainsbourg, Sascha não poderia deixar a sua herança pop por mãos alheias e Mango reflecte isso mesmo. É um cruzamento delicioso de melodias pop trauteadas por sintetizadores quentes. A comparação com álbums como From Here We Go Sublime e Chromophobia do sueco The Field e do paulista Gui Boratto, respectivamente, é por demais inevitável…
Para Mango Sascha contou com a preciosa ajuda de mais dois nomes associados à Bpitch. TimTim, que colabora com uns acordes de guitarra, bem como o trabalho de pós-produção e masterização à responsabilidade de Fritz Zander (aka Zander VT).
Double Checked é, provavelmente, o mais berlinense dos temas de Mango. Será a primeira aposta da Bpitch no que a singles diz respeito. É um tema contagiante, enérgico, com uma imponente voz distorcida e umas “bells” lindíssimas que nos acompanham solenemente do início ao fim da faixa. Feather, Summer Rain e The Fortune Cookie Symphony são trabalhos que nos transportam para um universo paralelo, onde predominam autênticas paisagens de experimentalismo introspectivo. Talvez sejam fruto do contacto com a natureza que Sascha tem experienciado na quinta que partilha com o amigo Paul Kalkbrenner em Aix-en-Provence, como recentemente referiu numa entrevista concedida ao site da Earplug. Temas como Mango, We Are Facing The Sun ou Take A Chance With Me são a prova do tradicional charme imposto por Sascha Funke em tudo o que produz. São autênticas pérolas de composição melódica, pungidas de uma mecânica dançável extremamente atraente.
Apesar de estarmos apenas em Fevereiro, Mango prepara-se para entrar na lista dos melhores trabalhos de 2008 sem grandes surpresas. Sascha Funke afirma que a expressão Mango é um conceito que criou com Tobias Thomas e Aksel Schaufler (vulgo Superpicther) enquanto andavam em tour por Espanha para designar algo ou alguém extremamente bonito do ponto de vista estético. Sem grandes reservas e seguindo o padrão qualitativo estabelecido por Sascha e os dois compinchas de Colónia, o seu Mango é realmente Mango…
8/10
André Tejo
electronica@ruc.pt
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